Desde 2010 a höft homenageia famílias empresárias que se destacam no planejamento e estruturação de sua continuidade. A família empresária Randon é uma delas!
Compartilhamos aqui parte desta história com diversos aprendizados, por poderem ser considerados inspirações atemporais, tais como: foco na formação da nova geração, fortalecimento dos valores familiares, além de um debate estruturado e maduro para a sucessão executiva.
Reforçando que desde então novos fatos ocorreram, resumimos aqui o melhor dos 65 anos desta história, até o ano de 2014.
Boa leitura
EMPRESAS RANDON: 65 ANOS DE ESTRADA
O foco constante nos valores da família - união, empreendedorismo, religiosidade, responsabilidade social e simplicidade - vem garantido a continuidade desta família empresária, vencedora do Prêmio Família Empresária 2014
As Empresas Randon completaram este ano 65 anos de atuação. Ao longo deste período, a companhia, que começou como oficina mecânica, cresceu e chegou a 2014 como um grupo formado por dez empresas com atuação nas áreas de veículos e implementos, autopeças e serviços financeiros. A família dos fundadores, Hercílio e Raul Randon, também cresceu e, sem perder a unidade, vem sendo a grande responsável pela pujança da empresa. Não por acaso a família Randon é a vencedora do Prêmio Família Empresária 2014, promovido pela höft - transição de gerações, mas até aqui foi um longo caminho. A história das Empresas Randon começa em 1949 com a pequena oficina em Caxias do Sul (RS).
Visão e inovação Nos anos 50, a companhia dos irmãos Randon cresce com o início da fabricação de freios a ar para reboques, desenvolvidos para enfrentar os grandes declives da região da Serra Gaúcha. Nos anos 60, começa a fabricação dos primeiros semirreboques.
Na década seguinte, depois de uma viagem à Europa, os irmãos Randon investem em uma nova fábrica de 40 mil metros quadrados. A empresa abre o capital para ampliar sua capacidade de produção e começa a fabricação de veículos fora de estrada. Nos anos 80 começa o processo de diversificação e sociedades com empresas internacionais, os acordos demonstram a visão global dos fundadores, que buscam produtos de excelência e trazem tecnologia para o mercado. A nota triste do período fica por conta do falecimento de Hercílio Randon, em 1989. Ali já estava consolidada como uma marca de referência global, com parceiros estratégicos de classe mundial e posicionada entre as maiores empresas privadas brasileiras, líder em seus segmentos de atuação e exportando para todos os continentes. Em paralelo ao crescimento da empresa ocorre o desenvolvimento da família. Raul se casa com Nilva e, juntos, consolidam uma cultura familiar de muitos valores.
Bases da família empresária Ao longo dos anos 80 e 90, quatro dos cinco filhos de Raul vão se incorporando à companhia. Uma característica bastante marcante é a formação profissional dos membros da segunda geração, com uma grande participação de dona Nilva, que era educadora e acompanhava de perto o desempenho dos filhos. Esta evolução os levou a assumir responsabilidades cada vez maiores nas empresas da família. Uma nova conformação, adotada em junho deste ano, marcou a saída da segunda geração das atividades operacionais. David é o presidente-executivo do grupo; Alexandre, vice-presidente do Conselho; Daniel é vice-presidente administrativo financeiro; e Maurien, diretora do Instituto Elisabetha Randon. Raul, o fundador, continua como presidente do Conselho. A única que não seguiu na companhia foi Roseli, que é médica especializada em nefrologia pediátrica e leciona na UCS (Universidade de Caxias do Sul). De acordo com Alexandre Randon, as posições ocupadas hoje são fruto de um projeto de sucessão iniciado há mais de dez anos. “Em 2002 iniciamos o planejamento sucessório, que começou com a criação de um comitê do qual meu pai não participava”, conta. Ficou definido ali que ele e David tocariam a operação das empresas e os dois se reportariam diretamente ao pai. Para Raul, o processo deveria resultar em uma decisão consensual entre os irmãos. “Eu sempre disse aos filhos que eles deveriam chegar a um acordo sobre quem me substituiria, porque eu não ia indicar ninguém”, disse o fundador em 2009, quando o processo foi oficializado. Naquele ano marcante na história da companhia, David assumiu a presidência executiva e Alexandre tornou-se vice-presidente administrativo financeiro. O processo, realizado com a participação da höft - transição de gerações, incluiu o processo de formação da segunda geração, para que aprendessem a ter uma visão do negócio como investidores. Aqui foram incluídos desde conhecimentos básicos sobre balanço financeiro até as implicações de ter como sócios fundos de pensão ou fundos de investimento, passando pela definição do projeto de vida de cada membro da segunda geração. Essa profissionalização traria ainda três efeitos.
O primeiro deles foi a criação de um Conselho de Família, estruturando os temas de família e patrimônio de maneira profissional e independente da empresa. O segundo foi a entrada de membros independentes no Conselho de Administração. Em paralelo, a família definiu as características que o novo líder deveria ter: grande capacidade de diálogo e de levar a companhia a ter uma presença mais forte no exterior. E por fim, a doação da participação do casal fundador aos seus filhos.
A decisão final dos irmãos, com a indicação de David para a presidência do grupo, só foi tomada pouco tempo antes do prazo para a eleição dos novos conselheiros e diretores. Para escolha, pesaram também a experiência internacional do executivo, que havia presidido a Randon Argentina, e o fato de ele estar na companhia há 25 anos. Na época, Alexandre assumiu a vice-presidência do Conselho de Administração e a vice-presidência executiva da companhia e Daniel era diretor-superintendente da Fras-le, uma das empresas do grupo. Alexandre conta que as mudanças de cargos ocorridas em junho de 2014, foram planejadas juntamente com os executivos da companhia durante quase um ano. Com elas, os irmãos afastaram-se da operação das empresas. “A mudança foi grande e histórica porque consolidamos mais uma etapa da sucessão: hoje todos os membros da segunda geração ligados à empresa estão fora das unidades operacionais”, comemora.
Continuidade Foi em 2010 que a família Randon instituiu seu Family Office. “Ele foi oficializado em 2010, mas já vínhamos realizando reuniões de família desde 1999”, explica Alexandre. O Family Office passou a centralizar todas as atividades da família que não eram ligadas à Randon. Para reforçar isso, ele foi instalado fora da empresa e hoje é coordenado por Alexandre. Ali é feita a gestão dos interesses e do patrimônio da família, o que inclui fundos de investimento, aplicações, elaboração e planejamento do Fórum de Família e das reuniões do Conselho de Família. No Family Office também são definidas as ações da DRAMD Participações e Administração Ltda., holding, cujo nome é formado pelas iniciais dos filhos de Raul, foi criada há mais de 20 anos com o objetivo de estabelecer regras no que diz respeito às relação entre família, empresa e patrimônio. Outra função igualmente importante: fazer o acompanhamento da terceira geração, hoje formada por 11 membros com idades entre 3 e 24 anos. O grupo já demanda atividades, como a criação do Conselho da Terceira Geração e de um fundo de investimento dedicado aos seus membros. “Como há critérios para uso do dinheiro, estamos elaborando uma série de cursos que os ensinem a trabalhar juntos, serem sócios e conhecer a história da família”, ressalta Alexandre. Aqui, o foco é manter a união da família para que ela mantenha seu desempenho na próxima geração. Do lado da segunda geração, seus membros se reúnem mensalmente no Conselho de Família, que tem sete membros: Raul, sua esposa Nilva e os cinco filhos. Estas reuniões são realizadas em duas partes: a primeira com a participação dos pais e, a segunda, somente com os irmãos. “Há vários aspectos que devem ser discutidos e que são maçantes para eles. Definimos e levamos as sugestões para aprovação deles”, explica Alexandre. O executivo ressalta que, com a segunda geração já fora da operação, o caminho traçado para a terceira geração é parecido. O planejado é que cada um siga o caminho na profissão que escolher. “O compromisso é tocarem a holding na condição de conselheiros e sócios”, defende.
De acordo com Alexandre, os membros da terceira geração participam do Conselho de Administração e do Agronegócio. A expectativa é que eles contribuam com as empresas com suas experiências pessoais e se desenvolvam com visão de negócios, mas sem estarem presos aos negócios da família. “Teremos uma família realizada, unida e rica”, resume. E isso sem esquecer os valores da família Randon, trabalhados a cada Fórum de Família: união, empreendedorismo, religiosidade, responsabilidade social e simplicidade. “Nas famílias empresárias que têm valores, estes ou outros que deem suporte à união, a chance de sucesso é muito grande em qualquer negócio”, conclui.
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