Renato Bernhoeft fala sobre a importância de se antecipar conversas sobre legado e construção de patrimônio com herdeiros
Uma das preocupações comuns entre os idosos – especialmente os avós, que pensam no futuro dos netos, – é o encaminhamento da herança material, como empresa da família, patrimônio imobiliário, obras de arte, investimentos ou reservas financeiras. Apesar disso, são poucas as vezes que o tema é acompanhado por diálogo e reuniões familiares, elementos essenciais para a transmissão e o comprometimento das novas gerações com o legado que foi parte vital da construção do patrimônio. Afinal, conduta ética, valores, princípios e formas de encarar a vida pelos descendentes de um grupo familiar ou cultural geram um compromisso mais profundo que o mero desfrute da herança material.
Cabe lembrar que o ideal é o construtor do patrimônio encaminhar este assunto, preferencialmente, ainda em vida, sem deixar o tema para depois do seu desaparecimento. Claro, que acompanhado de sua “parceira” ou “parceiro” de vida. E o “legado” da sua obra e história deve ter a mesma importância que atribui ao patrimônio construído.
Aos herdeiros importa saber, ou tomar consciência, de que nasceram em uma família na qual não houve liberdade das escolha. Seus pais, irmãos e demais parentes foram impostos pelas relações e escolhas das gerações anteriores. Curiosamente, mesmo nas famílias que declaram um “amor eterno”, a individualidade nem sempre é respeitada.
O patrimônio herdado vai gerar, ainda, uma segunda circunstância pouco compreendida, tanto para patriarcas como herdeiros. Cria um vínculo societário entre pessoas que, muitas vezes, não estão preparadas para essa nova dinâmica, especialmente quando no modelo anterior havia apenas uma figura forte que representava, simultaneamente, os papéis de de patriarca ou matriarca, dono e gestor único.
Esse modelo não se transfere e, muito menos, se aplica às próximas gerações de filhos/irmãos ou primos. Assumir o papel de sócio exige preparo intenso e prolongado. A nova liderança deve se legitimar na sua geração. Jamais ser indicada pelo patriarca.
Os indicadores dessa nova relação são vitais, como a construção de uma relação de confiança mútua. Ter clara e legitimada a estrutura de poder, tanto na família, sociedade e patrimônio. Enfim, os temas das cartas são bem mais amplos. Caso haja interesse recomendo consultar o livro, que já está nas livrarias. São provocações.
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