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Como o envelhecimento populacional amplia a diversidade

  • hoft45
  • 19 de set.
  • 2 min de leitura

Colunista do jornal Valor Econômico, Renato Bernhoeft reflete sobre o fato de que a maneira como lidamos com o passar do tempo não segue uma fórmula única.

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Ao analisarmos a questão do envelhecimento, compreendemos que se trata de um fenômeno que atinge toda a população mundial. No entanto, é importante refletir sobre o fato de que cada pessoa envelhece de acordo com suas características pessoais, culturais e financeiras. Ou seja, embora o envelhecimento seja uma experiência universal, ele não se manifesta da mesma forma para todos. Cada indivíduo envelhece como viveu, o que confere ao processo um caráter extremamente diverso, afinal, viver é envelhecer.


Por essa mesma razão, a maneira como lidamos com o envelhecimento não segue uma fórmula única. É necessário considerar aspectos sociais, coletivos e individuais. Essa complexidade se aprofunda à medida que aumenta a diversidade nas mais distintas facetas da nossa sociedade. Um exemplo evidente é a estrutura familiar. Ao longo dos últimos séculos, a dinâmica e os modelos familiares passaram por transformações radicais. Pesquisas recentes realizadas nos Estados Unidos identificaram até 46 configurações distintas de família, enquanto projeções indicam que, em 2070, a população com mais de 60 anos deverá atingir 75,3 milhões de pessoas.


A complexidade do tema também se revela ao considerarmos marcadores como gênero, idade, orientação sexual, raça, condição socioeconômica, religião e o território onde essas populações estão inseridas. No Brasil, por exemplo, as mulheres vivem, em média, sete anos a mais que os homens, mas recebem uma aposentadoria correspondente a apenas 26% da masculina. Além disso, acumulam um volume significativo de atividades que extrapola a vida profissional, como o cuidado com a família, a casa e outras demandas domésticas, muitas vezes sem qualquer remuneração.


Diante desse panorama, vislumbra-se uma grave crise previdenciária nos próximos anos. Como a maioria das pessoas que se aposentam não constituem uma reserva financeira para essa etapa da vida, e os custos tendem a aumentar para toda a família, o impacto nas finanças públicas pode ser antecipado como uma tragédia coletiva.


Essa perspectiva evidencia a urgência de uma cultura de planejamento financeiro ao longo da vida. Envelhecer com dignidade exige políticas públicas adequadas, mas também depende de escolhas individuais tanto no presente quanto em relação ao futuro. Os sistemas de saúde e previdência serão cada vez mais pressionados, e a sustentabilidade dessas estruturas passa, inevitavelmente, pela forma como nos preparamos — ou não — para o envelhecimento.


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