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Família Carvalho | os alicerces da construção familiar

Família Carvalho mostra que diálogo, autoconhecimento e disposição para melhorar fazem toda a diferença



Quando pessoas se unem com um propósito forte, o resultado aparece, mesmo quando aparentemente as chances de sucesso não são tão grandes assim. Tem sido dessa forma com a segunda geração da família Carvalho, que tem marcado a história de Rondonópolis (MT).


Não é exagero dizer que a cidade pode ser dividida em antes e depois da família Carvalho. O patriarca, Nelson, empreendia no setor de construção junto com outros três sócios, mas percebeu que tinham objetivos diferentes e decidiu sair da sociedade. Comprou as cotas dos sócios e investiu para comprar uma grande área na cidade, com a visão de transformar a região em um loteamento exemplar.


Tinha tudo para dar errado, mas deu muito certo: os empreendimentos, muito bem cuidados, tinham um padrão acima da média. O negócio começou a ser de toda a família quando a filha Leticia passou a cuidar da área administrativa, liberando o pai para cuidar do desenvolvimento de negócios.


“Meu pai, desde sempre, tinha uma preocupação com o que seria do negócio depois que ele não estivesse mais com a gente. Quando começamos a conversar com a höft sobre o assunto, eu atuava com meu marido na pecuária e não me envolvia com o que acontecia na NC”, conta a filha Melisa. Denise, a terceira filha, estava ainda mais distante: era designer de joias e morava em São Paulo.


Quando Melisa e Denise fizeram uma análise de seus projetos de vida, ficou claro que o amor pelo negócio estava presente, mas ainda escondido. “As coisas foram meio que acontecendo, um passo por vez”, acrescenta. A partir de um desafio do pai de criar uma praça em um dos empreendimentos, como uma forma de atender ainda mais a população que moraria no local, elas entraram de vez no negócio. “Abraçamos esse desafio e vimos que gostamos de trabalhar juntas. Então entramos no negócio para não sair mais”, comenta Melisa.


Não quer dizer que esse processo tenha sido simples: no começo, as três irmãs ficavam em uma mesma sala, que já era de Leticia. Faltava estrutura, mas sobrava diálogo. “Com o tempo, percebemos que nossas diferenças são a riqueza do negócio, é o que faz a família empresária avançar”, afirma Melisa.


NEM TUDO SÃO FLORES

Trabalhar junto 100% do tempo traz seus desafios, especialmente em uma família em que todos costumam ter opiniões bastante fortes. “Hoje temos bem menos contato fora do trabalho do que tínhamos antigamente. Ainda não conseguimos equacionar o fato de trabalharmos juntas e sermos uma família empresária, mas estamos em uma jornada de longo prazo”, comenta Leticia.


Para ela, ter consciência das limitações e dos conflitos familiares é uma vantagem. “Enxergamos nossos pontos críticos, embora a gente ainda não consiga administrar muita coisa. Continuamos evoluindo para crescer e cada uma definir seu espaço”, analisa. Denise concorda com a ideia de work in progress: “Ao longo do caminho, estamos aprendendo que cada uma tem seu jeito de ser e de trabalhar e que, quando existe esse entendimento, as coisas fluem melhor”, diz.


POR UM OBJETIVO MAIOR

Nelson teve a ideia de trazer as filhas para trabalhar, mas sem ter uma visão clara de como seria isso. “Ele não queria que a gente se separasse enquanto empresa, pois entendia que somente juntas seríamos fortes”, conta Melisa. Dessa forma, em vez de desenvolver uma vida empreendedora e, ao deixar este mundo, deixar uma herança para as filhas, ele optou por trilhar um caminho de união familiar para não deixar o legado se desfazer.


Esse objetivo tem consequências que vão muito além da família. Hoje, o Grupo NC conta com uma incorporadora e uma financeira, cuidando de todo o ciclo do negócio – da compra do terreno e construção ao financiamento dos imóveis. “Vendemos para o segmento popular, para pessoas que nem sempre conseguem financiamento no banco, então temos uma função social importante”, comenta Melisa.


A evolução do negócio passa por um mix de loteamentos, que são rentáveis, mas muito burocráticos e lentos para acontecer, e outros tipos de construção, que têm margem menor mas podem ser desenvolvidos mais rapidamente. “Estamos em um caminho de evolução que não é simples e não acontece em linha reta. Por isso precisamos de muito diálogo para fazer isso tudo dar certo”, afirma.


O diálogo também é essencial para definir os papéis entre as irmãs e o pai – e para manter boas relações familiares. Rituais e processos típicos de empresas não familiares precisam ser colocados em prática, ao mesmo tempo em que os membros da família compreendem seus papéis e o momento de cada um. Assim, no almoço da família não se fala de negócios, enquanto dentro da empresa não se discutem assuntos domésticos.


No fundo, isso é parte de um processo que teve um início, mas que não deixa de evoluir de maneira constante. “Sabemos que precisamos evoluir sempre. Cada uma de nós é de um jeito, e a cada dia entendemos mais que, juntas, somos melhores do que separadas”, diz Denise. “Sem a ajuda de mentoria, de consultoria e mesmo de terapia, seria muito mais difícil entender nossos limites, bem como melhorar e chegar onde desejamos”, completa.



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