por Welson Teixeira Junior *
Muito ouvimos falar da grande evolução da governança no Brasil na última década. Inúmeros estudos de consultores, pesquisadores e institutos confirmam que a relevância desse tema tem obtido crescente interesse das empresas, dos seus acionistas e executivos nos últimos anos. Vários fatores contribuíram para que isso acontecesse e um dos mais importantes foi a inserção da economia brasileira no mercado global, que levou muitas corporações a aderir a práticas de governança avançadas.
E qual o impacto disso nas empresas familiares? A influência é clara, pois as empresas que adotam as práticas de governança podem perceber seus inúmeros benefícios.
Por isso vale a pena refletir sobre os principais atrativos dessa mudança.
Separação de questões familiares e societárias
A família empresária precisa aprender a separar questões familiares e suas relações, da administração e interesses da empresa. Quando madura, essa separação resulta na formação de fóruns específicos, como o Conselho de Administração, focado nos interesses da companhia; e o Conselho de Família, mais centrado na família e de sua relação com a empresa.
Melhoria de gestão
A boa governança é fundamental para a melhoria de gestão. Toda empresa, seja de capital aberto ou fechado, pode contar com uma estrutura de governança na qual exista um Conselho de Administração eleito pelos sócios. Ao definir qual é a missão do conselho e preparar um detalhado regimento para normatizar suas atividades, garante que não haja sobreposição. Além disso, os sócios podem avaliar a necessidade de criar comitês de assessoramento.
Aprimoramento da transparência
A boa comunicação interna e externa, particularmente quando espontânea e rápida, resulta em um clima de confiança com os sócios e familiares, dentro da empresa e com o mercado como um todo. O fluxo de informações deve contemplar não só os aspectos econômicos e financeiros, mas também demais fatores que norteiam a ação empresarial.
Melhoria da imagem da empresa
Uma empresa organizada com uma estrutura de governança constituída, que tenha como parte e um Conselho de Administração atuante, com seus papeis claros e funcionando de forma eficaz com todos os stakeholders, certamente terá transparência na comunicação. Desta forma passará confiança aos sócios, familiares e mercado e, consequentemente, aprimorará sua imagem e seu valor percebido.
Alinhamento entre acionistas e executivos
Com a definição clara de papeis entre Sócios, Conselho de Administração e Executivos, todos poderão compartilhar as discussões com mais tranquilidade, sem mal entendidos, criando um clima de confiança, clareza de responsabilidades e foco na criação de valor.
Alinhamento entre acionistas e executivos
Com a definição clara de papeis entre sócios, Conselho de Administração e executivos todos poderão compartilhar as discussões com mais tranquilidade, sem mal entendidos, com clareza de responsabilidades e foco na criação de valor.
Facilitação do processo de sucessão
Esse tema poderá ser tratado pelos sócios em sessões específicas ou no Conselho de Família, mas é recomendável que o Conselho de Administração tenha sempre um plano atualizado de sucessão do principal executivo e de pessoas chave da empresa.
Maior acesso a capital e redução do custo de capital
Fica evidente que, com uma governança estruturada, será mais fácil visualizar os objetivos, planos e desempenho operacional da companhia, bem como a continuidade. A melhoria de relatórios financeiros de desempenho, aliada a uma comunicação mais eficaz, tornará a empresa mais transparente, aumentando a confiança de eventuais investidores e financiadores e propiciando a oferta de recursos a custos seguramente mais competitivos. Ninguém gosta de investir em “caixas pretas”.
Resumindo, as boas práticas de governança têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a perenidade da companhia. Estamos falando aqui de benefícios claros, tanto para empresas abertas como para as de capital fechado. Estes benefícios confirmam o fato, já levantado em análises, de que as melhores empresas familiares são aquelas que atuam como as de capital aberto, ainda que não o sejam.
Welson Teixeira Junior Graduado em Ciências Econômicas pela FAAP e pós-graduado em gestão estratégica pelo INSEAD – França e IMD – Suíça. Fez carreira como executivo de finanças em empresas nacionais e internacionais.
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