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O OLHO DO DONO

A Wheaton Brasil mostra, na prática, porque a presença da família no comando da empresa é tão importante.


Há um ditado que diz que o “o olho do dono engorda o gado”. Empresas diferentes exigem modelos distintos, mas no caso da Wheaton Brasil o dito cai como uma luva. A companhia vê em curso seu segundo processo de sucessão. No centro de ambos, Peter Gottschalk Junior: no primeiro como sucessor de seu pai e agora seu o filho.

“A primeira sucessão foi feita na sorte”, lembra o executivo. O processo foi concluído no ano de 2001 e, de acordo com Peter Gottschalk Jr., ocorreu quase naturalmente. Ele era o mais velho, era diretor da companhia e, ao longo dos anos, tinha conquistado o respeito dos funcionários e da família.

A Wheaton Brasil nasceu como subsidiária da empresa norte-americana – também uma empresa familiar – e acabou comprada por Peter Gottschalk pai, responsável por montar a operação no País. “Eu e meu pai assistimos juntos o desaparecimento da Wheaton Estados Unidos. Estávamos comprando a operação aqui e assistindo o que ocorria lá. Foi aí que começamos a estudar o tema”, lembra.

Não por acaso, o novo processo de sucessão vem sendo executado. Tanto a empresa quanto a família serão preparadas para a mudança. Como parte desta preparação, o futuro presidente da Wheaton Brasil, Peter Gottschalk Neto, já ocupou vários postos dentro da empresa antes de assumir a presidência. Gottschalk Junior lembra que a definição de uma data é importante para a empresa, para o mercado e para os envolvidos, pois dá a todos a garantia da continuidade, sem rupturas.

Desafios

Um processo deste tamanho não acontece sem que desafios sejam enfrentados. O principal deles, segundo Gottschalk Junior, é identificar o sucessor dentro da família, e aqui o executivo explica o ditado citado no início da matéria. “Eu acredito muito que o principal executivo da empresa tem que ser da família, porque só assim terá uma visão de longo prazo. Executivos contratados têm como maior preocupação o bônus do final de ano”, diz.

Uma vez identificado o sucessor, o desafio passa a ser criar um processo de legitimidade junto aos demais familiares. “No nosso caso, temos pessoas da família trabalhando na empresa e por isso a escolha não foi contestada. Não fechamos as portas, mas elas são estreitas: só fica quem tiver capacidade”, diz.

Escolhido e reconhecido o sucessor, é hora de prepará-lo e a todos à sua volta. No caso da Wheaton, diversos cursos preparatórios foram realizados. Para Gottschalk Junior, a ajuda externa é imprescindível em processos como esse. “A visão interna geralmente é poluída e a ajuda externa nos permite cuidar melhor do ambiente que, se estiver deteriorado, prejudica a empresa”, afirma.

Para Renata Bernhoeft, sócia-diretora da Höft - Bernhoeft & Teixeira, o processo de sucessão estabelecido pela Wheaton Brasil mostra que diferentes crenças e modelos funcionam de acordo com o perfil de cada família e que o importante é que o processo seja legítimo e transparente. “Em muitos casos, a legitimação de um herdeiro é um processo de duas mãos”, afirma.

Gottschalk Junior ressalta que o processo depende, sempre, de um longo aprendizado. “Empresa familiar não é matéria das escolas de administração. Não há gente preparada”, afirma.

 

Para Peter Gottschalk Junior, o processo de sucessão oferece desafios como:

- identificar os potenciais sucessores entre os membros da família;

- legitimar o sucessor dentro da família;

- preparar o sucessor, assim como os demais membros da família para o processo.

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