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Família Bassi | a sucessão que gera crescimento


Família empresária Bassi realiza a transição de gerações no Grupo Açotubo e mostra que, com tempo e qualificação, as mudanças geram crescimento.


Está sendo pensado há uns 5 anos e falamos disso há muito tempo, mas é difícil abandonar o nosso filhote, mesmo sabendo que precisamos deixar a empresa voar sozinha para que ela cresça ainda mais”. A frase de Wilson Bassi, um dos três irmãos fundadores da Açotubo, reflete o sentimento de inúmeras famílias empresárias no Brasil. Apesar do desafio, a transição vem acontecendo de uma forma muito positiva, pois trouxe oportunidades à segunda geração e possibilitou aos fundadores cultivar um novo foco, para outros negócios do Grupo.


Tendo iniciado o negócio há 48 anos em um terreno de 250 metros quadrados na zona norte de São Paulo, a Açotubo naturalmente é parte da identidade dos fundadores – os irmãos Luiz, Ribamar e Wilson Bassi. Até recentemente, os três estavam envolvidos em todos os detalhes do negócio. “É um processo enraizado aqui dentro. Sempre atuamos muito juntos, batalhando em família, e com isso estávamos muito no dia a dia da operação”, conta Wilson.


Mesmo tendo ainda muita energia, o três irmãos sabem que precisariam passar o bastão para os mais novos. Eles viram muitas empresas deixarem de existir pela dificuldade em fazer a transição para a nova geração, e não queriam se tornar parte dessa estatística. “Eles perceberam que precisávamos fazer diferente. Então é uma semente que está com eles há bastante tempo”, comenta Vinicius Bassi, membro da segunda geração.


TRANSIÇÃO PASSO A PASSO

Estava claro tanto para os fundadores quanto para seus filhos que seria preciso fazer essa mudança – o ritmo dela é que foi sendo ajustado ao longo do tempo. O primeiro passo foi envolver a segunda geração no negócio, respeitando a vocação e perfil de cada um. Um bom exemplo disso é a trajetória de Bruno Bassi. Formado em Engenharia de Produção Mecânica, durante a faculdade ele começou a trabalhar na INCOTEP, uma das empresas do Grupo, caracterizada mais por vender um produto engenheirado, como estagiário de manutenção. Ao longo de 20 anos, passou por diversas áreas industriais do Grupo Açotubo, por Engenharia, Qualidade e Administrativo. Ao mesmo tempo, se preparava, chegando a cursar uma pós e finalizou o seu MBA na FIA.


Durante dois anos, Bruno atuou como assessor da diretoria. “Foi um tempo diferente e desafiador do ponto de vista profissional, pois fazia a ligação entre os sócios e os projetos que precisavam ser desenvolvidos. Ao mesmo tempo em que nenhum projeto estava sob minha responsabilidade, tinha um papel importante na estratégia do negócio”, lembra.


O passo seguinte foi assumir um papel na gerência executiva como responsável pelas áreas corporativas. Em paralelo, os outros representantes da segunda geração acompanharam os passos de Bruno, mantendo a clareza sobre as oportunidades para todos. Cada um traçava seu caminho: Vinícius atua há 15 anos na empresa e hoje é o Gerente de Marketing, enquanto Larissa desenvolveu uma carreira na área jurídica e está atuando como business partner de Recursos Humanos, e Nathália construiu uma trajetória na área de Compras, deixou a gestão executiva e assumiu a liderança do Projeto de Governança da

Família Bassi. Enquanto isso Caroline, irmã de Bruno, empreendeu e criou seu próprio negócio, hoje mora fora do país, e exerce seu papel de acionista, junto aos demais.


Em 2014 aconteceu um marco importante: a criação do Conselho Consultivo. “Para nós, foi quando ficou claro qual seria o caminho, embora não soubéssemos ainda quando a transição aconteceria”, comenta Bruno. Com a formação do primeiro órgão da estrutura de governança, começou-se a pensar em uma transição efetiva.


Contando, no início, com um conselheiro independente, parte dos desafios do Conselho envolvia monitorar a transição executiva. “Acima de tudo, tivemos muita sorte, pois pudemos escolher um CEO dentro da própria família, sem muitos problemas”, comenta Luiz, da primeira geração. “Mas, mesmo tendo a visão de que precisaríamos fazer isso, bateu aquele frio na barriga”, admite.


VIVENDO E APRENDENDO

Hábitos arraigados demoram a ser mudados – e a família empresária tinha consciência disso. Mesmo assim, ainda hoje os fundadores “escorregam”: “às vezes discutimos muito o dia a dia no Conselho, embora a gente já consiga não interferir na gestão”, admite Wilson. “Estamos evoluindo. Um passo muito importante foi buscar conhecimento, fazendo cursos para termos uma visão mais estratégica e entendermos melhor até onde vai nossa atuação como Conselheiros”, diz.


O Conselho Consultivo formado pelos 3 fundadores e 2 membros independentes, se reúne mensalmente para detalhar as operações, planos e resultados. Além disso, semanalmente acontece uma reunião executiva, uma oportunidade de transmitir mais conhecimento e valores para a segunda geração. “Na reunião semanal, discutimos somente assuntos que a segunda geração traz e quer nosso input”, explica Luiz.


“Hoje, temos uma atuação mais colaborativa, indicando os caminhos que seguiríamos se estivéssemos tocando o negócio”, conta Ribamar. “O que buscamos hoje é olhar o resultado, e a segunda geração que construa o caminho. Mas é um processo de mudança contínuo, ainda estamos nos adaptando”, admite.


HORA DE VIRAR A CHAVE

O processo de transição aconteceria em algum momento – e ele veio em 2020. A pandemia acelerou a mudança, pois os fundadores precisaram manter o isolamento social. “Eles sempre tiveram uma gestão muito próxima, e foi um choque. Alguém precisaria continuar na empresa para tocar, e estava claro que seríamos nós da segunda geração”, comenta Bruno Bassi. Ele, então, assumiu a liderança da empresa de forma interina – e foi confirmado como CEO em novembro de 2020.


Em paralelo no período da pandemia a família empresária investiu tempo em avaliar os projetos de vida, dos casais fundadores, e dos membros da nova geração. Foi criado um grupo de trabalho da nova geração para abordar os desafios societários e como fruto deste processo nasceu o Conselho de Sócios, que tem como missão acompanhar todos os investimentos do grupo na perspectiva do patrimônio, um desafio de enxergar além do negócio de origem da família Bassi.


“Se soubéssemos que a transição daria tão certo, teríamos feito antes”, conta Wilson. “O Bruno tem todo o apoio da diretoria, que é formada por executivos não familiares, e tem nosso suporte. É uma combinação vencedora”, acrescenta o fundador.


A saída da operação do Grupo Açotubo não significou férias para Luiz, Wilson e Ribamar. Muito pelo contrário. Os três irmãos agora têm tempo para se dedicar a outros negócios do grupo, que até então ficavam em segundo plano: a Trialle Incorporação e Construção; e a Tirreno Finanças e Negócios. A primeira atua no mercado imobiliário, com compra, venda, locação e participações, enquanto a segunda é uma consultoria especializada no mercado de recebíveis. “Hoje, eles conseguem interagir nesses negócios muito mais, o que dá um impulso adicional para essas áreas”, comenta Bruno.


LIÇÕES DE UMA TRANSIÇÃO

Para a família empresária Bassi, sua experiência de transição trouxe aprendizados importantes:

Comece logo: é importante fazer a transição quando não existe uma pressão externa. “Felizmente todos nós temos muita saúde e pudemos fazer esse processo sem corre-

rias”, comenta Wilson.


Pense no longo prazo: a família Bassi passou quase 10 anos desenvolvendo a governança para a transição de gerações. Esse tempo foi importante para que os detalhes fossem definidos com calma.


Prepare as pessoas: os sucessores precisam ser preparados para suas responsabilidades como futuros sócios, executivos ou não, e os fundadores também precisam “virar a chave” para ter uma atuação mais estratégica.


Prepare o negócio para a perenidade: é essencial separar empresa, sociedade e patrimônio. A empresa pode ter continuidade sem um representante da família na gestão – desenvolva equipes de alto nível.





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