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O mundo do trabalho está se transformando. Como isso impacta o seu futuro?


O colunista Renato Bernhoeft escreve sobre as mudanças de paradigma que afetam a vida profissional e a valorização do tempo livre.


Ao nos aproximarmos de um quarto do século XXI já podemos sentir os impactos e mudanças que o mesmo vem apresentando tanto no mundo do trabalho como também sobre a vida pessoal de cada um de nós.


No campo da tecnologia é possível constatar as profundas transformações que a Inteligência Artificial, através do ChatGPT, vem ocasionando em todos os níveis das relações e contatos humanos. Impactos estes cuja dimensão ainda não conseguimos avaliar totalmente.


Por outro lado, o pesquisador e jornalista britânico Oliver Burkeman tem apresentado a busca de maior produtividade no trabalho como uma armadilha.


Segundo ele, as pessoas normalmente erram “ao focar apenas na eficiência ou na ideia de fazer o máximo de coisas possíveis na menor quantidade de tempo. De novo, isso pode ser uma resposta razoável às pressões externas e culturais de uma organização ou apenas uma imposição do capitalismo, mas a produtividade não irá criar mais significado na sua vida. É uma armadilha.”


Entretanto, já o aumento dos índices de longevidade também vem mostrando seus efeitos e impactos sobre a sociedade como um todo.

Um exemplo é a resistência que o governo francês vem enfrentado da população na sua tentativa de aumentar a idade para a aposentadoria, de 62 para 64 anos.


As manifestações populares estão baseadas em alguns estudos sobre o direito à preguiça, considerando que o progresso de uma sociedade passa por aliviar a carga de trabalho.


O tempo livre vem sendo considerado pelos franceses como uma conquista vital. François Mitterrand reduziu, em 1982, a idade mínima de aposentadoria de 65 para 60 anos. Duas décadas depois, a França introduziu a semana laboral de 35 horas e a fatia dos franceses que consideram trabalhar como "muito importante" caiu de 60% em 1990 para apenas 24% em 2021.


Mas, ao mesmo tempo, podemos constatar em várias outras culturas o despreparo para a ideia do desfrute. Ou seja, depois de trabalhar fortemente, e por longos anos, muitas pessoas julgam serem merecedoras de um descanso ou do desfrute, representado pela aposentadoria.


O problema é que tem sido possível constatar que boa parte da população não está preparada para o ócio. Basta ver o alto índice de depressão, suicídios e separações conjugais no pós-trabalho.


O que procuramos fazer com esse arrazoado de ideias e constatações é alertar para que cada um considere de que forma essas mudanças irão impactar a etapa da sua vida futura. E a responsabilidade é individual.


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