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Panco | o fermento do sucesso

Família empresária Yonamine carrega o legado do fundador e consolida a PANCO como líder no setor de panificação em São Paulo



Quem percorre os supermercados brasileiros e vê uma grande variedade de pães e bolos com a marca PANCO não imagina a desafiadora trajetória desde sua fundação. A empresa nasceu do sonho empreendedor de um imigrante japonês, que superou desafios, precisou recomeçar inúmeras vezes – e nesse processo criou uma forte cultura de trabalho e valores que passaram não apenas de geração em geração, mas para todos que com ele conviveram.


A PANCO nasceu em 1952 em um pequeno sobrado no bairro paulistano do Tatuapé (ainda com outro nome).


Em 1937, Kiyoteru Yonamine, um menino de 10 anos de idade, chega de navio ao Brasil, vindo de Okinawa, no Japão. A decisão de seus pais, de buscar um novo horizonte, foi fruto da situação em seu país de origem. A família se instala no Vale do Ribeira, no sul do estado de São Paulo, e inicia sua jornada na lavoura. Apenas 5 anos depois, Kame, o pai de Kiyoteru, falece e deixa o filho com a responsabilidade de liderar a família.


Tempos de trabalho duro criaram em Kiyoteru um forte espírito empreendedor. Suas iniciativas incluíram arrendar uma plantação de bananas e, mais tarde, tentar a vida no comércio nas ruas da cidade de Santos. Após o nascimento da primeira filha e o falecimento da mãe, Kiyoteru, já trabalhando em uma confeitaria em Santos, percebe que poderá ter mais chances na capital.


Em 1951, ele começa a trabalhar em uma padaria em São Paulo e logo se destaca por chegar cedo, trabalhar duro e aprender sempre. Em pouco tempo, trocou a vida de funcionário pela de empreendedor, alugando os fornos das padarias durante as madrugadas para assar seus pães e vender para os pequenos comércios durante o dia. Então, no ano seguinte, ele funda a empresa, acompanhado de sua esposa Yone e de seu irmão Jinko.


O desafio de trabalhar nunca assustou Kiyoteru, que sempre procurou soluções inventivas para as dificuldades que apareciam. O velho caminhão só quebra? O próprio Kiyoteru, apaixonado por mecânica, aprende a consertar. Nas décadas seguintes, ele seria o maior impulsionador da evolução tecnológica da empresa, sempre pesquisando, mexendo, melhorando e criando suas próprias máquinas de panificação.


Era natural que a família se envolvesse no negócio. Se no início eram Kiyoteru, Yone e Jinko, o casamento do irmão trouxe mais dois braços para lidar com a fabricação e distribuição. Aos poucos, com o crescimento da empresa, a família também aumentava. Os filhos do casal, parentes do interior e conhecidos da comunidade japonesa em São Paulo passaram a fazer parte dessa história. A empresa crescia e, no processo, continuava sendo uma família que girava em torno do patriarca.


INOVAÇÃO E MUITA SIMPATIA


Buscar novas receitas sempre foi uma obsessão. A inovação em produtos é uma marca registrada que começou dentro de casa, com os fundadores aprendendo tudo o que podiam, sempre que podiam. Kiyoteru ou Jinko passaram em uma padaria e provaram um pão ou doce de que gostaram? Pediam a receita. E depois buscavam melhorá-la.


Mas a inovação também aparecia no maquinário usado na fabricação dos produtos, às vezes importados dos Estados Unidos, mas muitas vezes projetados na mente de Kiyoteru e fabricados na Vila Ré, zona leste de São Paulo, para onde já haviam se mudado e que até hoje é uma das unidades da PANCO. Eram os caminhos usados para superar qualquer obstáculo. Para quem teve que trabalhar desde criança e enfrentou os rigores da fome, só a inventividade resolve.


Mas ter bons produtos e processos de fabricação não era o suficiente, e Kiyoteru sempre foi um vendedor nato. Simpático e respeitoso, criou a estratégia de crescer primeiro entre os pequenos mercados da zona leste de São Paulo, depois em toda a cidade, e dali para outros estados. Kiyoteru tratava todos os clientes com a mesma importância, fosse uma grande rede ou um pequeno varejo, sem preferência ou prioridade. Com humildade e entendendo que as pessoas são o mais importante, a família Yonamine avançava.


Ao longo da década seguinte, a empresa consolidou sua posição de liderança em São Paulo e Rio de Janeiro. A estrutura cresceu para contar com fábricas e Centros de Distribuição no Sudeste e na Região Sul. E sempre com pessoas com muito tempo de casa em posições de liderança. Afinal, os valores eram transmitidos dia após dia, criando uma cultura sólida de respeito e trabalho duro.


CAMINHOS QUE SE SEPARAM


Para Kiyoteru, que sempre valorizou a união da família, 1985 foi um ano difícil: o irmão Jinko decidiu deixar a sociedade. A partir de 1991, a empresa adotou a marca PANCO em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.


Kiyoteru continuou a liderar a empresa, junto de sua esposa, filho, filhas, genro e nora. Os familiares sempre estiveram presentes na PANCO, em posições importantes na gestão. As decisões estratégicas, porém, eram centralizadas no fundador. Esse cenário só começou a mudar em 2015, quando problemas de saúde o obrigaram a diminuir o ritmo. Foi então que a filha Akiko e o genro Idenori assumiram as diretrizes do negócio.


Nos 3 anos seguintes, o fundador atuou como um conselheiro para as gerações seguintes e como um porta-voz da empresa em eventos e homenagens. Em 2018, seu falecimento foi muito sentido, mas seu legado estava preservado. A segunda e terceira gerações vêm estruturando sua governança para perpetuar uma história que seria inimaginável para aquele garoto que desembarcou de um navio no final dos anos 30 em busca de novos horizontes.


linha do tempo Panco

matéria publicada na revista Gerações 2022

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