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CAMINHOS DIFERENTES, MAS COM A MESMA RESPONSABILIDADE

Dois dos sócios da segunda geração da Centauro e da Centerparts mostram como projetos de vida, mesmo distintos, podem contribuir para o crescimento das empresas

Por trás de famílias empresarias bem sucedidas, além do negócio e do espírito empreendedor, está a realização de seus membros. Um fator de sucesso importante para a continuidade da família empresária é contar com pessoas que tenham projetos de vida claros e que tomem decisões ao longo da vida que garantam sua realização individual, dentro ou fora da empresa.

A família Ayres Fonseca é um bom exemplo, atuando há mais de 40 anos no setor de fabricação e distribuição de autopeças. Do espírito empreendedor de três amigos que se tornaram sócios não familiares, nasceram a Centauro e a Centerparts. A primeira foi fundada em 1970, e foi uma das pioneiras no setor de latarias no aftermarket no Brasil.

Sediada em Guarulhos (SP), a companhia começou com a cromeação de para-choques e, com o crescimento, tornou-se a maior fornecedoras de lataria para os segmentos leve e pesado do mercado nacional. Atualmente, ela fabrica e distribui capôs, painéis, assoalhos, para-lamas e peças para cabines de caminhões. No total, são cerca de 4mil itens que abrangem as principais marcas do mercado: Volkswagen, Ford, Fiat, General Motors, Peugeot, Renault, Honda, Toyota e Mercedes-Benz.

A Centerparts é uma distribuidora de autopeças com mais de 20 anos de atuação no segmento de acabamento, carroceria e acessórios em geral para automóveis nacionais e importados. São 12.000 m² situados na Vila Anastácio, Zona Oeste de São Paulo, de onde saem os produtos distribuídos a todo o território nacional e internacional. Hoje a sociedade é composta por 2 núcleos familiares, os Ayres Fonseca e os Galetti, que realizam reuniões regulares de sócios.

Os negócios da família sempre atraíram Renato Ayres, que aos 17 anos já trabalhava na Centerparts. Ele embalava pedidos na expedição, começando depois estágios no diferentes departamentos da empresa ao mesmo tempo em que cursava a faculdade de Administração. “Depois dos estágios, passei a assessorar meu pai em todos os assuntos da empresa, ainda sem um cargo definido”, lembra.

O cargo viria um tempo depois, e sem o conhecimento do pai. Renato ficou sabendo de uma vaga na Centauro, que era administrada pelo sócio do pai. Achando que seu perfil se encaixava, ele preparou um currículo e o enviou. Acabou chamado para uma entrevista e, depois de três meses e de um processo formal de seleção, foi contratado como gerente de vendas da Centauro.

Sobre a motivação para concorrer à vaga, Renato lembra que queria assumir algumas responsabilidades e colocar em prática sua visão de gestor. “Na Centerparts eu não conseguia, porque cada área já tinha seu próprio gestor”, diz. Ele lembra que o pai viu com bons olhos a iniciativa e o reconhecimento obtido com a contratação. “Depois, como eu já havia incorporado um pouco do perfil de gestão dele, gostou de ver um membro da família também acompanhando os negócios da outra empresa”, ressalta.

Na Centauro, Renato pôde colocar em prática o que havia aprendido até ali e, mais que isso, aprender mais e construir sua história dentro da empresa. Hoje ele volta à Centerparts, dividindo seu tempo como diretor executivo das duas empresas. Ele afirma ainda ter muito a oferecer. “Ainda tenho um papel importante a cumprir nas empresas, por isso tenho buscado sucessores para as funções que ocupo. Isso vai me permitir alçar voos ainda maiores”, diz.

Outros caminhos

A tradição no setor de autopeças não seduziu Elisa Ayres Fonseca, irmã de Renato e sócia da segunda geração da companhia. Fisioterapeuta por formação, ela encontrou na gastronomia um projeto de vida e uma carreira que, por mais improvável que pareça, a tornaram mais próxima dos negócios da família.

Elisa lembra que, apesar da formação em Fisioterapia, a profissão não a realizava completamente e, ainda, a frustrava financeiramente. “Era algo que me preocupava. Apesar da empresa da família”, conta. Como já havia o interesse pela cozinha, ela passou uma temporada na França, onde aprendeu o novo ofício, chegando a trabalhar como chef de cozinha.

Na volta ao Brasil, Elisa trabalhou em diversos restaurantes e, depois de um tempo, decidiu abrir o seu próprio. “Como eu ralava muito o dia inteiro, decidi ralar no que fosse meu. Acho que herdei um pouco do espírito empreendedor do meu pai”, diz. Pai que, como ela lembra, sempre quis que os três filhos trabalhassem com ele.

“Quando ele viu que eu tinha decidido ter uma empresa, me chamou para trabalhar com ele para aprender como era”, revela. Elisa aceitou o convite, mas sem perder o foco em seu projeto: o trato com o pai previa que sua passagem pelas empresas da família teria começo, meio e fim com o objetivo de aprender o que fosse necessário para abrir seu negócio. “Assim, trabalhei um ano com ele, rodei as áreas e conheci um pouco de cada uma”.

Mesmo assustada com o tamanho e os desafios do negócio da família, Elisa reconhece que aquele foi um período benéfico, onde ela aprendeu muito sobre recursos humanos, contabilidade, controles etc. O passo seguinte foi à abertura, em 2012, do restaurante Maracujá, na região dos Jardins, em São Paulo, inaugurado com recursos da própria Elisa. Como era de se esperar, o negócio evoluiu e teve uma segunda unidade inaugurada em 2014.

“Não tenho planos de voltar a trabalhar com meu pai. Entrei para aprender e saí”, comenta. Mas o fato de não trabalhar nas empresas da família não significa que Elisa vá se distanciar dela. Ao contrário, ela afirma que a vivência como empresária deu a ela uma visão que, mais que conhecimento, lhe traz prazer no envolvimento nas questões da empresa da família.

Na prática, a Centauro e a Centerparts provavelmente perderam uma executiva, mas ganharam uma sócia muito mais interessada. “Hoje tenho visão do negócio, sei quem é quem e como cada setor funciona. Estou mais preparada para ser sócia do que gestora”, afirma. Graças ao ano vivido lá, e à experiência acumulada no seu negócio, ela hoje se interessa muito mais.

“Se eu tivesse exercido a fisioterapia, talvez não tivesse tanto interesse”, diz. E o interesse, em ambos os casos, vai na direção do crescimento. Sobre os restaurantes, Elisa ressalta que o objetivo é crescer. “Não tenho formatado como será a direção disso, se será próprio ou franquia, mas a ideia é profissionalizar cada vez mais o processo e caminhar para multiplicar sim, de alguma maneira. Estamos estudando, definindo processos, tudo com este objetivo”, conclui.

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