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INDEPENDÊNCIA E AUTONOMIA. COMO A SSA FORMA HERDEIROS

Preparação da sucessão começou com a criação de pequenos negócios no agronegócio para cada um dos três herdeiros, que assumem parte das atividades da São Salvador Alimentos

A SSA (São Salvador Alimentos), comandada pela família Garrote, reúne uma série de negócios ligados a armazenagem, fabricação, integração, processamento e distribuição de alimentos a base de grãos e frangos. A companhia teve sua origem na Super Frango, criada há 30 anos a partir da parceria entre José Souza, também conhecido como José Garrote, e seu sogro, Carlos Vieira.


Vieira construiu os primeiros aviários de frango de corte da família em Itaberaí, Goiás, no início dos anos 70. Em 1981, ele e o genro, José Garrote dão início à parceria que mais tarde daria início ao Abatedouro São Salvador e, dez anos depois, à criação da marca Super Frango, juntamente com a inauguração da planta de processamento de frango. Nos anos seguintes, a companhia expande sua atuação, com a inauguração da unidade de rações, a aquisição de armazéns graneleiros e a inauguração do incubatório. Além disso, vê a convivência de três gerações distintas em sua gestão: Vieira, Garrote, suas duas filhas e seu filho, além de genros e nora.


Em 2012, a companhia altera sua estrutura social, transformando-se na São Salvador Alimentos S/A. Hoje, a SSA conta com escritórios em Goiânia (GO), Uberlândia (MG), Belém (PA), Brasília e Itaberaí (GO) e tem atuação internacional, com produtos comercializados na África, Ásia, Oriente Médio, Europa e América Central.


A companhia divide sua atuação em armazéns de grãos; um incubatório considerado um dos mais modernos da América Latina; a fábrica de rações; uma área de integração composta por diversos galpões de alta tecnologia; e uma área de distribuição responsável por levar os produtos da companhia para todo o Brasil e mais de 40 países em quatro continentes.


Sucessão Ao mesmo tempo em que comandou o crescimento dos negócios da família ao longo das últimas décadas, José Garrote também vem preparando a companhia para continuar no mesmo ritmo nos próximos anos. “Para isso, temos que pensar em longo prazo e, logicamente, não tem como não pensar em sucessão”, afirma.


De acordo com o fundador da SSA, a sucessão é uma necessidade e tem que ser bem feita para que o negócio da família tenha futuro. Ele lembra que a SSA, ao longo de seus 30 anos de atuação, passou por mudanças radicais em todos os aspectos, mas que a equipe que começou com ele permanece, em sua maioria, na empresa até hoje. Para tanto, a SSA vem trabalhando fortemente na atualização de seu pessoal, principalmente os jovens. E este processo inclui os herdeiros.


Para Garrote, há quatro pontos que todo fundador deve ter em mente: entender que somos mortais; ter clareza de que a empresa é maior que as pessoas; que é necessário fazer mudanças constantes; e preparar as futuras gerações.

Formação Após o encaminhamento de algumas ações na empresa e na estrutura societária, a preocupação de Garrote passou a ser a formação da nova geração, composta por três casais: seu filho e esposa e suas filhas e maridos. E aqui se trata não apenas da formação acadêmica, mas da preparação deles para atuarem juntos no comando da SSA em alguns anos. Em tempo, todos os filhos do fundador da SSA têm formação em áreas relacionadas aos negócios da companhia.


“Uma preocupação que tivemos foi forma-los de modo que pudéssemos associar nossa experiência com a capacidade acadêmica de cada um deles”, explica. Para isso, Garrote criou uma espécie de laboratório da futura geração, mesmo que de maneira intuitiva e informal. Para que os casais pudessem colocar seus conhecimentos em prática, e ao mesmo tempo exercitar o trabalho em conjunto e a convivência societária, cada um passou a receber doses cada vez maiores de novas responsabilidades.


Na prática, isso significa que Garrote foi passando gradativamente aos casais a responsabilidade de tocar pequenos negócios – sempre relacionados à SSA -, que deveriam lhes trazer conhecimento e, ao mesmo tempo, garantir a renda para que se mantivessem. Foi o que Garrote chamou de “um negocinho na fazenda”. Esta primeira fase serviu para que aprendessem um pouco mais sobre a gestão de agronegócio e sua dinâmica.


“Depois juntamos os negócios em uma única empresa e a dividimos em áreas, com eles se revezando no gerenciamento de cada uma delas, mas com decisões coletivas”, explica. A nova experiência permitiu que eles continuassem exercitando práticas de gestão, só que agora somadas à convivência como sócios, criando uma experiência que, além de trazer conhecimento, aumenta a confiança entre eles.


O que era inicialmente treinamento acabou transformando-se no próprio processo de sucessão. À medida que os negócios administrados pelos três apresentam resultados positivos, eles vão recebendo mais atividades relacionadas à SSA. Garrote explica que, os três já são responsáveis por algumas áreas de negócio da companhia. Para o fundador, o processo tem se mostrado eficiente em todos os sentidos.


“Mais que a prática do negócio, ele tem ajudado a todos os membros da família a entender como se constrói nosso patrimônio, dando a eles a oportunidade de crescer também. O que eles conseguirem gerar de renda e construir de patrimônio em cima disso, será deles”, afirma, lembrando ser um processo semelhante ao que ele viveu com o sogro, Carlos Vieira, o que também explica o acolhimento dado por ele aos seus genros e nora.


O filho e os genros de Garrote cuidam de algumas fazendas, do negócio de criação de frangos, da lavoura de soja e milho e da plantação de eucaliptos, e seguem crescendo dentro de uma sociedade construída entre os três casais. Tiveram uma reunião importante para decidir se continuariam a investir 100% dos resultados ou se iriam distribuir uma parte.

Os relatos são de que este foi um dos debates mais ricos e mais alinhados que tiveram, no qual tiveram a clara percepção de que realmente eram sócios. Vale lembrar que isso não significa descuido com o principal negócio da família, que é o abatedouro. “Eles tocam os negócios deles nos finais de semana e, durante a semana o tempo deles é do abatedouro, mas a experiência prepara cada um para cuidar do todo e para serem sócios, distinguindo os papeis que serão executados no futuro”, diz. Além disso, o laboratório tem dado a cada casal o tempo e a experiência necessários para desenharem com maior clareza seus projetos de vida.

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