Abalada por uma tragédia familiar, Vetnil soube reencontrar os caminhos para crescer e vislumbra novos horizontes para a nova geração.
Na família Ribeiro, proprietária da Vetnil, uma das maiores fabricantes de medicamentos e suplementos para uso veterinário do Brasil, uma conversa sobre a evolução da empresa é, necessariamente, uma história de superação. A esposa Vera precisou assumir a direção do negócio às pressas com o falecimento do fundador, João Carlos, em um acidente aéreo em 2008. Esse foi um enorme divisor de águas não apenas na vida de Vera, mas também para os filhos Giuliana e Bruno.
“Não tivemos o menor planejamento”, conta Vera, hoje presidente da empresa, sediada em Louveira (SP). “Nos vimos nessa situação, foi o que a vida nos proporcionou. Precisamos lutar muito para fazer acontecer. A união da família foi muito importante para que superássemos aquele momento”, diz.
O primeiro grande problema foi uma disputa judicial: cerca de seis meses antes, a Vetnil havia incorporado uma empresa e o dono dessa empresa passou a ter 30% das ações.
“Uma cláusula no contrato abria margem para que ele assumisse a Vetnil. Vi que poderíamos perder tudo o que havíamos construído até ali”, diz Vera. Com muita garra e ajuda especializada, a situação foi resolvida.
Nesses turbulentos tempos, o apoio da equipe que estava na Vetnil foi essencial. “Dois diretores estão com a gente desde aquela época e eles nos ajudaram a manter e reerguer a empresa”, lembra Giuliana. Foi preciso confiar muito nas pessoas para fazer acontecer. “Isso acabou dando força para o negócio, pois passamos a ter um time que é muito aguerrido”, conta.
Mesmo antes de entrar na empresa, em 2010, Giuliana já se via trabalhando lá. “Meu pai meio que impunha que a gente participasse. Nas férias, ia trabalhar quase todo dia na empresa, desde criança. Então era natural pensar que no futuro viria para cá”, diz. Hoje, ela é responsável pela comunicação interna.
Com Bruno, a situação era diferente: na época com 20 anos, ele já estava na empresa há dois anos e mesmo antes de entrar no negócio já acompanhava de perto os passos do pai. “Eu já estava meio encaminhado, fazia Administração de Empresas e via a Vetnil como um caminho natural para mim”, afirmou. Para ele, a passagem de bastão do pai para a mãe, da forma como ocorreu, fez com que todos amadurecessem. “Precisamos acelerar um processo
que talvez pudesse ter ocorrido mais tranquilamente”, entende.
Com um estilo de administração bem horizontal, a Vetnil avançou. “Minha mãe não tinha o perfil tradicional de CEO, e sim uma liderança mais no pessoal. Isso foi muito importante para que todo mundo se unisse e definiu a cultura da empresa”, diz Giuliana. Com o crescimento na última década, mãe e filhos formalizaram a união em torno da empresa se tornando sócios do negócio. “Estamos no processo de definição da governança, pois sabemos que é necessário”, afirma Bruno.
No momento, os três estão fazendo a transição para seus papeis de governança, passando a ocupar assentos no Conselho de Administração. Essa medida dá um novo horizonte para a empresa e a família. “Com um Conselho, continuamos participando do negócio sem atuar no dia a dia da operação. Só chegamos a esse entendimento depois de dois anos amadurecendo a ideia. Fomos mergulhados na situação de tocarmos o negócio e não tivemos a opção de escolher. No futuro, poderemos ter essa possibilidade”, completa Giuliana.
Implantado em 2020, o Conselho de Administração já prevê a inclusão de membros independentes e é considerada uma peça-chave na governança da Vetnil e no futuro da sociedade.
matéria publicada em nossa revista Gerações: https://www.hoft.com/revistas